DIA MUNICIPAL DA HIPOCRESIA LEGISLATIVA
A Falta de Compromisso Real com as Causas Sociais
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No cenário político atual, infelizmente, é comum vermos figuras públicas que se apropriam de datas e causas para ganhar visibilidade e aprovação popular, muitas vezes sem um compromisso verdadeiro com as ações concretas que essas causas demandam. Um exemplo emblemático dessa prática é o comportamento de determinados vereadores que, embora se apresente como defensor de causas nobres, demonstram uma evidente falta de comprometimento com a efetividade dessas ações.
O vereador, reconhecido por propor projetos de lei instituindo dias de consciência e luta — como o “Dia de Conscientização da Educação Inclusiva” em 14 de abril (Lei 14691/2022), e o "mês dedicado ao combate ao câncer de testículos em abril" (Lei 14656/2022) — atua mais como um mestre da demagogia do que como um verdadeiro agente de mudança. Sua postura revela uma triste hipocrisia: cria leis e institui datas comemorativas, atribuindo cores aos meses, mas falha em acompanhar e cobrar do Poder Executivo ações concretas que façam a diferença na vida das pessoas. Quem lembra? Quem fiscaliza? Quem deveria fiscalizar o cumprimento das próprias leis de sua autoria?
Por que, por exemplo, o vereador não se lembra ou sequer cobra do governo uma fiscalização efetiva sobre a implementação das ações relacionadas à educação inclusiva? Ele não sabe, ou prefere não saber, quantos alunos com deficiência aguardam por vagas nas escolas públicas. Quem deveria monitorar e cobrar o cumprimento dessas políticas é justamente ele, que tem o mandato para representar e fiscalizar. No entanto, sua inércia evidencia uma postura de não-engajamento, de “soltar a lei no papel” e esperar que o Executivo faça o serviço de conscientizar, atender e transformar.
E quanto às causas relacionadas à saúde, como o câncer de testículos, para as quais instituiu o mês de abril como dedicado à prevenção? Aí também se revela a sua falta de memória e compromisso. A lei que ele mesmo propôs e sancionou parece ser uma mera formalidade, um gesto simbólico que não acompanha ações de conscientização, campanhas ou parcerias que realmente promovam o diagnóstico precoce e o tratamento adequado. Parece até uma piada de mau gosto, uma brincadeira de mau gosto com uma questão tão séria, que merece atenção, compromisso e esforço constante.
A verdadeira liderança não se mede por leis criadas ou datas comemorativas instituídas, mas pelo compromisso diário de atuar na melhoria da sociedade. A legislação, por si só, não resolve problemas sociais complexos; ela precisa ser acompanhada de ações concretas, fiscalização efetiva e cobrança contínua. Quando um político se limita a criar “dias de luta” e “meses de conscientização” sem envolver-se na implementação, demonstra uma clara demagogia, uma hipocrisia que envergonha quem realmente luta por mudanças reais.
Que esses exemplos sirvam de reflexão para a sociedade e para os próprios políticos: é preciso ir além das palavras vazias, das ações de marketing e das datas comemorativas. É necessário compromisso, responsabilidade e uma postura de verdadeiro servidor público, que não se esquece das suas próprias leis, e que, sobretudo, trabalha incansavelmente para transformar promessas em ações concretas, necessário trabalho.