Ricardo ‘frita’ Zerbinato, Gláucia e Catherine após desgastes
Passagem de ex-vereador acusado de rachadinha durou 45 dias; ex-secretária ficou um mês e quatro dias no Pedro II
, atualizado
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Dois ex-vereadores que ocupavam cargos de alto escalão na administração municipal, além de uma secretária de governo da administração anterior, deixaram seus postos no final de março após terem seus nomes envolvidos em polêmicas. Em comum, o salário: Sérgio Zerbinato (PSDB), Gláucia Berenice (REP) e Catherine D´Andrea, os exonerados, recebiam o terceiro maior salário da administração, equivalente aos secretários adjuntos, com vencimentos próximos a R$ 13 mil brutos, fora benefícios.
A primeira a cair foi Catherine D´Andrea, secretária-adjunta da Infraestrutura e que ocupou, na gestão de Duarte Nogueira (PSDB), o posto de secretária do Meio Ambiente e Infraestrutura. Entre outros problemas, enfrentou denúncia de que seu secretário-adjunto recebia sem dar expediente na secretaria. Ele acabou exonerado e houve pressão para que ela fosse exonerada, o que não ocorrei no governo passado.
Já Sérgio Zerbinato (PSDB), ex-vereador não reeleito, acusado de prática de rachadinha enquanto parlamentar. Com Ricardo, assumiu o cargo de diretor da Secretaria de Assistência Social na primeira quinzena de fevereiro. Permaneceu no cargo exatos 45 dias, saindo ao final de março, sob o pretexto de “divergência de ideias” com a atual gestão.
Por fim, Gláucia iniciou a função de vice-presidente da Fundação Pedro II em 24 de fevereiro de 2025, mas a publicação da nomeação ocorreu apenas em 6 de março. Ela foi exonerada em 31 de março, permanecendo no cargo apenas um mês e quatro dias. O pavio para a saída foram denúncia de maus-tratos contra indígenas enquanto era Secretária de Assistência Social.
Procurada, a prefeitura não se manifestou sobre a saída dos dois políticos.
Análise
Para a cientista política Patrícia Marcheti, vinculada à Universidade Estadual Paulista (Unesp), a nomeação de servidores comissionados que são desligados após tão pouco tempo de trabalho passa a impressão de falta de segurança por parte do governo.
“São funcionários que ficaram pouco tempo e, pelo que foi relatado, deixaram as funções por conta de problemas anteriores à nomeação, que eram – ou deveriam ser – de conhecimento de quem os nomeou. Isso gera insegurança”, afirma.
BASTIDORES
A ação do prefeito Ricardo Silva de exonerar, com poucos dias, pessoas nomeadas por ele próprio vem causando insegurança no meio político. Segundo um vereador da base da Câmara, que pediu para não ser identificado, a postura demonstra pouca capacidade de suportar críticas.
“Parece que, quando apanha um pouco, o governo atual entrega todo mundo de bandeja. Todos sabiam dos problemas com Zerbinato e Gláucia. Se nomeou, deveria manter. Ou não ter nomeado”, afirmou o parlamentar.
A reportagem ouviu ainda mais duas pessoas do alto escalão municipal, sendo um secretário, que corroboraram a análise.
Dois ex-vereadores que ocupavam cargos de alto escalão na administração municipal, além de uma secretária de governo da administração anterior, deixaram seus postos no final de março após terem seus nomes envolvidos em polêmicas. Em comum, o salário: Sérgio Zerbinato (PSDB), Gláucia Berenice (REP) e Catherine D´Andrea, os exonerados, recebiam o terceiro maior salário da administração, equivalente aos secretários adjuntos, com vencimentos próximos a R$ 13 mil brutos, fora benefícios.
A primeira a cair foi Catherine D´Andrea, secretária-adjunta da Infraestrutura e que ocupou, na gestão de Duarte Nogueira (PSDB), o posto de secretária do Meio Ambiente e Infraestrutura. Entre outros problemas, enfrentou denúncia de que seu secretário-adjunto recebia sem dar expediente na secretaria. Ele acabou exonerado e houve pressão para que ela fosse exonerada, o que não ocorrei no governo passado.
Já Sérgio Zerbinato (PSDB), ex-vereador não reeleito, acusado de prática de rachadinha enquanto parlamentar. Com Ricardo, assumiu o cargo de diretor da Secretaria de Assistência Social na primeira quinzena de fevereiro. Permaneceu no cargo exatos 45 dias, saindo ao final de março, sob o pretexto de “divergência de ideias” com a atual gestão.
Por fim, Gláucia iniciou a função de vice-presidente da Fundação Pedro II em 24 de fevereiro de 2025, mas a publicação da nomeação ocorreu apenas em 6 de março. Ela foi exonerada em 31 de março, permanecendo no cargo apenas um mês e quatro dias. O pavio para a saída foram denúncia de maus-tratos contra indígenas enquanto era Secretária de Assistência Social.
Procurada, a prefeitura não se manifestou sobre a saída dos dois políticos.
Análise
Para a cientista política Patrícia Marcheti, vinculada à Universidade Estadual Paulista (Unesp), a nomeação de servidores comissionados que são desligados após tão pouco tempo de trabalho passa a impressão de falta de segurança por parte do governo.
“São funcionários que ficaram pouco tempo e, pelo que foi relatado, deixaram as funções por conta de problemas anteriores à nomeação, que eram – ou deveriam ser – de conhecimento de quem os nomeou. Isso gera insegurança”, afirma.
Caso Zerbinato tem fuga de oficial de Justiça
A decisão de Zerbinato de deixar o governo coincidiu com uma decisão judicial que determinou que o prefeito Ricardo Silva intimasse o ex-vereador, com data e hora marcados, para que ele estivesse na Secretaria de Assistência Social e pudesse receber um oficial de Justiça. Esse oficial tenta, há praticamente um ano, notificá-lo sobre a audiência do processo criminal que ele responde.
Zerbinato é acusado pelo Ministério Público de realizar a chamada “rachadinha” em seu gabinete. Uma ex-assessora, que denunciou o caso, acusa o parlamentar de obrigá-la a dividir seu salário com a irmã dele, Dalila Zerbinato, que também é ré no mesmo processo.
A audiência de julgamento de Zerbinato deveria ocorrer logo após as eleições de outubro, mas o ex-parlamentar vem fugindo do oficial de Justiça desde o início de 2024, o que obrigou a remarcação do ato processual em duas oportunidades.
"Assim, em relação ao acusado, como complemento ou providência adicional, determino (...) inclusive comunicando-se ao Sr. Prefeito Municipal, com indicação do dia e hora da audiência", disse a juíza Amanda Barbosa, em decisão judicial.
Antes de o prefeito ser notificado, porém, Zerbinato decidiu abandonar o governo, poupando o “chefe” do desgaste político da ação.
Procurada, a administração de Ricardo Silva não comentou a saída de Zerbinato do governo. O ex-vereador também não respondeu à tentativa de contato feita pelo Jornal Ribeirão, assim como sua irmã.
Irmã recebia dinheiro e ex-assessora denunciou rachadinha
O esquema de corrupção comandado por Sérgio Zerbinato ocorreu, segundo o MP, entre janeiro e agosto de 2021, dentro de seu gabinete na Câmara. A beneficiária seria a irmã do parlamentar, segundo o Ministério Público, que ofereceu denúncia sobre o caso.
A ex-assessora parlamentar Ivanilde Rodrigues foi a responsável por denunciar o então vereador Sérgio Zerbinato (PSDB) pela prática de rachadinha. Ela gravou algumas conversas com o parlamentar nas quais havia menção à divisão de seu salário, que na época era de R$ 6,5 mil, com a irmã do vereador. O Ministério Público abriu um inquérito para apurar a prática de peculado por meio de rachadinha, além de improbidade administrativa.
“Antes de eu assumir, ele disse que precisaria ajudar a irmã. Depois que entrei, houve uma reunião e ele pediu que eu repassasse a ela R$ 3 mil do meu salário. Eu repassava entre R$ 2,2 mil e R$ 2,5 mil, dependendo do mês. Ele disse que parte do salário teria que ser destinada para a irmã dele, que estava ajudando no gabinete e precisava ser remunerada de alguma forma”, disse a ex-assessora.
Os recursos eram devolvidos tanto em dinheiro vivo quanto na forma de pagamento de boletos e contas gerais. Em pelo menos duas ocasiões, houve depósitos feitos diretamente da conta de Ivanilde para a conta da irmã de Zerbinato.
Sobre o assunto, o MP afirmou, no processo, que a prática perdurou durante todo o período do contrato da ex-assessora Ivanilde.
“Também, no decorrer dos diálogos, quando aquela [Ivanilde] manifestou preocupação quanto à possível descoberta do esquema criminoso, o parlamentar agora denunciado respondeu que ‘ninguém tem como provar’ e que apenas sabiam do corrupto engendro ‘eu, você e minha irmã’”, informou o MP na denúncia.
Berenice afirma ter sido pega de surpresa; Zerbinato não é localizado
Procurada, Gláucia Berenice informou que foi pega de surpresa com a exoneração.
“Estava muito envolvida no desafio de democratizar o acesso ao Theatro Pedro II. Tenho um compromisso com as pessoas e um propósito na vida pública. Fazer parte deste ou daquele governo é apenas um passo de uma jornada de mais de 30 anos na vida pública. A política é dinâmica e seguirei atuando em favor do meu propósito e das pessoas que precisam de vez e voz”, informou.
Ela afirmou, ainda, que os comentários sobre as investigações acerca das mortes de indígenas enquanto foi secretária da Assistência Social podem ter sido o motivo de sua saída, mas ressaltou que não foi avisada da demissão.
“Sobre esta questão, está judicializado de minha parte, já que as acusações são infundadas, descabidas e beiram a irresponsabilidade. A ação judicial de indenização por danos morais e materiais está instruída com documentos devidamente oficiais, demonstrando a veracidade [das informações]. A justiça é quem dará a palavra final”, informou.
Já Sérgio Zerbinato não foi localizado para comentar sua saída do governo, manifestando-se apenas por meio de nota oficial, na qual afirma haver “divergências de pensamento” entre ele e a atual administração.